quarta-feira, 4 de junho de 2008

Os "responsos" de minha avó

Desde pequena acostumei-me a ver coisas "diferentes". Sempre que alguma coisa sumia era só falar com minha avó. Se fosse uma coisa importante ela se fechava em seu quarto em meditações e orações e quando saía de lá simplesmente ordenava:

- Olhe na segunda gaveta da cômoda.

E ia para a cozinha, como se a coisa já estivesse resolvida e fosse a mais natural do mundo. Era só ir lá na segunda gaveta da cômoda e lá estava o objeto perdido, tão certo quando dois e dois serem quatro.

E vinham pessoas de fora falar com minha avó, e era a mesma cena, com a diferença que ela pedia que as pessoas fossem para suas casas que assim que terminasse o responso ela as avisaria.

Lembro-me que nessa época em Araçatuba só se conseguiam empregadas domésticas quando acabava a colheita do algodão. Quando a colheita recomeçava elas largavam as casas onde trabalhavam e iam para o campo novamente, mas bastava terminar a colheita que elas visitavam as casas, em grupos de 2 ou 3, procurando empregos.

Naquela época também era comum as mulheres contratarem empregadas sem referências porque a criminalidade ainda não estava nos níveis de agora, principalmente no interior do estado, portanto minha avó costumava contratar essas moças que passavam de casa em casa em busca de emprego.

Dentre as centenas que passaram por minha casa houve uma que trabalhou muito bem no primeiro dia mas não apareceu no segundo. Eu senti muito porque sempre que havia empregada nova eu ficava rodeando-a, xeretando e conversando. Perdera a nova amiga, portanto. À tarde resolvi dar um passeio e não encontrei meu vestido novo e nem meu tamanco anabela. Fui falar com minha avó. Ela entrou em seu quarto e de lá saiu com a cara muito fechada. Disse-me apenas que a acompanhasse.

Morávamos no centro de Araçatuba e fomos caminhando até chegar a um bairro afastado, o bairro São João, que na época era cheio de vielas com casas pobres e barracos. Paramos numa das ruas e ela bateu palmas em uma casa. Fiquei surpresa porque minha avó era analfabeta e não perguntava o endereço das empregadas, mesmo porque ela não conseguiria se lembrar depois. Caso a empregada passasse no "período de experiência" era minha tarefa então anotar seu endereço.

Assim que ela bateu palmas saiu de lá de dentro a tal empregada fujona, com uma cara lambida. Minha vó foi logo dizendo a ela pra buscar o vestido, o tamanco e o short azul.

"Mas que short?" - pensei eu, que não havia dado falta de short nenhum. Mas minha vó sabia do que estava falando, porque daí a pouco veio a moça com uma sacolinha. Dentro estavam meu vestido, meu tamanco e meu short azul, que eu nem sabia que havia sumido.

Acho que "herdei" alguma coisa de minha avó, não tão apurada quanto a dela, mas quando alguma coisa some em casa, se eu fechar os olhos e me concentrar consigo "visualizar" onde a coisa está. Isto é, na maioria das vezes e se a coisa estiver mesmo em casa. No caso dela (que não sei explicar) era bem mais forte porque ela realmente "sabia" exatamente onde estava qualquer objeto perdido.

(zailda coirano)

Um comentário:

  1. ola, pessoa iluminada, rsrsr!! mania de brasileiro ne? mas ja sinto vc como uma amiga!! e pq n? , gostaria de te fazer uma pergunta, se eu shenia mara, te pedir para rezar um responso por mim, vc faria???? do fundo do meu coração desesperado atraz do objeto perdido, te agradeço!! meu e-mail, sheniamara@gmail.com
    obrigada!

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