terça-feira, 1 de abril de 2008

A ironia do destino

Não citarei nomes porque eles não vêm ao caso, mas outro dia me deram uma notícia que me fez pensar sobre a ironia do destino e em como nossa vida segue por rumos que jamais suspeitaríamos anos antes.

Há alguns anos, morando em Pacaembu, soube por colegas que trabalhavam comigo do drama que vivia um conhecido. Sua esposa lutava contra um câncer no fígado e mesmo passando por tratamentos dolorosos e penosos não havia a menor chance de recuperação. Eu mesma, ao vê-la depois de ter iniciado o tratamento tive um choque.

Ela nunca fôra bonita, mas era uma mulher de aparência agradável, séria e de poucas palavras, mas muito educada. Beirava os 30 e sua vida girava em torno do marido e do filho de 12 anos. Depois da doença ficou cadavérica, tão magra que quase se poderia ver os ossos. Quando a encontrei parecia uma anciã de 80 anos.

Nesse momento de desespero a tentação se aproximou e dominou o rapaz. Sem poder contar com a presença da esposa, começou a sair com uma garota de 18 anos. Era uma garota exuberante, olhos verdes e corpo escultural, cujo ponto alto eram os seios, que ela fazia questão de exibir com roupas justas e decotadas.

Vinda de família pobre, interessou-se logo pelo rapaz, que tinha um bom emprego e um salário muito interessante, que proporcionava todo o conforto à família e que logo despertou na moça a vontade de aproximar-se dele.

Contam os mais próximos que ela mais de uma vez tentou se aproximar, até que num desses momentos de fraqueza da vida ele tornou-se seu amante. E ela pedia presentes e roupas caras, que fazia questão de exibir como "presentes do meu coroa".

Como o caso da esposa dele era muito grave o tratamento foi suspenso e ela voltou para casa, talvez para aproveitar os últimos momentos junto da família. Bem nessa época a garota descobriu que estava grávida.

Mais de uma vez eu a vi comentando que precisava cuidar muito bem dessa gravidez porque ela era sua "loteria". A partir daí passou não mais a pedir, mas sim a exigir presentes cada vez mais caros e a pressionar o rapaz dizendo que se não fizesse o que pedia contaria do caso deles para sua esposa.

A pressão foi ficando tão forte que ele não mais suportando deu um basta e terminou a relação. A partir daí ela começou a fazer escândalos na porta da casa dele, e mais de uma vez os vizinhos a viram discutindo com a esposa (que saía da cama para pedir-lhe para parar com aquilo pelo amor de Deus), quanto com o rapaz e mesmo com o filho adolescente deles.

A criança nasceu, foi feito um pedido de pensão e a partir daí a garota não mais incomodou, satisfeita com o "pagamento" por seus serviços sexuais, e apesar do diagnóstico contrário, a esposa curou-se e de comum acordo ele pediu transferência para outra cidade e foram viver em paz.

A garota mudou-se também, foi viver sua vida. Casou e descasou, deu suas cabeçadas na vida e por fim retornou a Pacaembu. A última notícia que recebi dela foi de que ela (agora na casa dos 30, como a esposa do rapaz estava naquela época) estava com câncer na mama e que teve que retirar os seios, dos quais tanto se orgulhava. Ainda não se sabe se sobreviverá e se o câncer foi mesmo extirpado.

Depois dessa notícia fiquei comparando os destinos das duas. A esposa do rapaz que eu saiba está bem, da última vez que ouvi notícias estava toda orgulhosa ao lado do marido na formatura do filho, que agora é médico.

Mas o que me fez meditar foi a semelhança das histórias, o câncer aos 30 anos, o diagnóstico negativo dos médicos. Às vezes a vida nos mostra seu lado irônico e ficamos pensamos se seria mesmo verdade que "aqui se faz, aqui se paga".

(zailda mendes)

domingo, 23 de março de 2008

CONVITE À DECISÃO - LIVRO: CONVITES DA VIDA DE DIVALDO FRANCO POR JOANNA DE ÂNGELIS

Páscoa é renascimento e lendo esse livro com certeza você vai tomar a sua. Clique no link abaixo para ler a matéria a respeito.

PORTAL DO ESPIRITISMO - CONVITE À DECISÃO - LIVRO: CONVITES DA VIDA DE DIVALDO FRANCO POR JOANNA DE ÂNGELIS

terça-feira, 11 de março de 2008

Essa foi por um triz

Quando eu estudava na Universidade Metodista tinha que tomar um ônibus até o Paço Municipal de São Bernardo e então um outro até Diadema, onde eu morava. Como era à noite, às vezes ficava complicado pra tomar o ônibus porque eu não via muito bem o letreiro.

Numa noite dessas em que o ônibus estava demorando muito eu me sentei debaixo de uma guarita e uma senhora muito simpática e tagarela começou a puxar prosa. Eu ouvia e abanava a cabeça, que ia longe com meus próprios pensamentos, enquanto vigiava pra ver se meu ônibus não chegava.

Num desses momentos eis que chegam logo 3 de uma vez, e de onde eu estava não via muito bem, então me levantei e dei uns passos até o meio-fio pra ver melhor, dando aquela espichada básica de pescoço pra enxergar à noite e ainda por cima o astigmatismo atrapalhando.

Estou naquele exercício de estica pescoço, franze testa, pisca forte, quando ouço um baque forte bem atrás de mim. Pra minha surpresa a guarita sob a qual segundos antes eu ouvia a simpática velhinha tagarela falar pelos cotovelos agora está que é um escombro só. Toda detonada, vejo apenas entre as pedras uma alça da sacola que a falante senhora segurava. E um sinistro fio de sangue escorre na calçada.

Correria, gritaria, a mente confusa demora uns minutos a entender o que se passara: alguém em desespero pulara de uma das janelas do prédio em frente à calçada onde estávamos, e no seu pulo pra outra vida, inadvertidamente levara consigo a distinta senhora que agora com certeza estaria levando uma animada prosa com São Pedro.

- Não sei, meu filho. Eu estava lá esperando o ônibus, de repente "tchibum"  e agora estou aqui...

No fim das contas, era o meu ônibus mesmo, entrei meio cabisbaixa e na minha mente iam coisas estranhas, como os mistérios da vida e em como o fato de não usar óculos (e portanto não enxergar direito) poderia ter - quem sabe? - me concedido alguns anos a mais por aqui.

(zailda mendes)

Como tornar mais leve a caminhada

O orgulho e a prepotência já me acompanharam, como um pesado fardo que eu inconscientemente arrastava comigo em meu caminho. Razoavelmente bem nascida, desde cedo aprendi a conviver com meus "iguais" e olhava com certo desprezo e condescendência para aqueles que eu julgava que estavam abaixo de mim, fosse em cultura, nível social, ou o que se usasse para "medir" o quanto vale um ser humano.

Além de orgulhosa de mim mesma e de meus "feitos", era prepotente também. Imaginava-me em posição superior e capaz até de esmagá-los como baratas se por acaso se atravessassem em meu caminho. Se não o fazia, sentia-me benevolente e boazinha e um sorriso de satisfação me vinha aos lábios. Eu era um monstro e não sabia.

Esse "poder" que minha posição social falsamente me conferia um dia veio por terra, quando saí do banco e ao entrar em negócios que não soube como administrar, vi-me de repente privada de todo aquele "poder" material. Desci de uma só vez dezenas de degraus no que chamamos "escala social" nesse mundo terreno.

Mas nesse momento difícil, encontrei em algum canto dentro de mim um pouco de HUMILDADE. Olhei pra dentro de mim mesma, analizei minha situação e pensei: "se Deus permitiu que isso acontecesse, é porque quer que eu aprenda alguma coisa." E pensei isso porque não acredito num Deus vingativo, para mim Deus é um Ser de Misericórdia e sobretudo é Pai, um pai amoroso que tudo faz para ajudar e educar seus filhos, mas não hesita em ser severo o suficiente para colocá-los de castigo se teimam em não aprender suas lições.

E eu me sentia "de castigo", sentia que havia algo para aprender com aquilo tudo que estava me acontecendo. Aquele período que poderia ser de dor e caos, na verdade serviu para fortalecer minha família, estreitando os laços de amor e compreensão entre mim e meus filhos. Serviu para que eu visse que não existe ninguém melhor ou pior que outros, que somos todos iguais e igualmente filhos de Deus.

Aprendi que quando levamos um fundo golpe em nosso orgulho, em nossa vaidade, em nossa arrogância, e eles sangram, doloridos, e bradam por vingança, o melhor é não dar-lhes ouvidos, simplesmente abandoná-los no caminho, como pesados e inúteis fardos que só atrasam nossa caminhada para o aperfeiçoamento espiritual e para os braços do Pai.

Vi que quando levamos duros golpes da vida temos que aprender com eles, para nos tornarmos melhores, para servirmos de exemplo aos que vem atrás de nós, para os que compartilham conosco dessa caminhada.

Depois disso, mudaram-se meus valores, mudou minha forma de ver a vida. Muitos "amigos" que antes me bajulavam afastaram-se de mim; outros, que eu julgava seres inferiores e desgraçados, aqueles mesmos que eu me julgava capaz de destruir de um só golpe, aproximaram-se de mim e me estenderam sua mão. Coisas que antes eu julgava fundamentais, que jamais poderia ficar sem, hoje já nem me fazem falta sequer.

Eu aprendi minha lição. E você, aprendeu a sua?

(por Zailda Mendes)

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